TERESA CAREPO
Fotografia: António Jorge silva
Fotografia: António Jorge silva
Saco de ráfia e pó de pedra Dimensões variáveis Fotografia: António Jorge silva
Fotografia: António Jorge silva
Excerto do texto de Joana Batel, escrito para o Catalogo da Exposição "ATIRAR PEDRAS À LUA" (2014)
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A leveza tem a ver com confiança que, no trabalho de Teresa Carepo, se revela na exactidão dos materiais, ora encontrados, ora produzidos. Os materiais tomam posse de todo o sentido da escultura e as acções por eles empreendidas tomam parte numa linguagem sem qualquer adjectivação, daí a escultura de Teresa parecer aparentemente indecifrável. A sua arte põe em evidência a mudez própria dos materiais e coisas que não poderão ser ditas. Recusa o peso da ganga conceptual. Tal não significa que esta escultura não tenha força figurativa: uma gota, um vão, um exercício de ballet. Mas esse encantamento não obscurece o objecto. Nada é obscuro porque os elementos limitam-se a ser e a agir de modo natural: um tijolo, uma pedra, tecido, madeira, que seguram, levantam, empurram, encostam, envolvem. São sinais nas suas condições originárias a que nos habituámos a não reconhecer. Retornar a eles parte da disciplina de auto-reflexão. A indecifrabilidade da escultura de Teresa Carepo tem mais a ver com a nossa cegueira interpretativa do que da falta de sentido da obra. Os objectos insinuam-se, aliás, estão aí, diante de nós, na sua máxima visibilidade, expostos à nossa fome arqueológica que, na pesquisa dos sinais originários, reinicia o conto. Não é um defeito, nem um fracasso daquilo a que se chama modernidade, antes, é o reconhecimento da irresistibilidade do encantamento mágico da arte.
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